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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

RELATOS DA XI CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE AGRICULTURA PARTE 2



Renato Gomes – Pastor da Comunidade de Cristãos de Botucatu

Imagem bíblica: Caim, agricultor e Abel, pastor. Duas profissões arquetípicas no início da tradição humana. Ofícios ligados à natureza, porém antagônicos no sentido de que na agricultura se requer a transformação da terra e no pastoreio a conservação da terra com seus recursos naturais.
Processo evolutivo lembra a questão do acesso à terra (Caim), enquanto Abel é um nômade, que caminha com o rebanho, não delimita a terra, não a cerca, segue o rebanho no seu pastejar.
Na queima de incensos ofertados à Deus a fumaça de Abel sobe aos céus e agrada a Deus, enquanto a de Caim desce à terra, gerando uma tensão, uma polaridade, uma dualidade que não é resolvida e culmina com a morte de Abel por obra de Caim, que fica assustado com a possibilidade de que todos queiram se vingar dele.
Deus então tranquiliza-o, deixando-lhe (e a seus descendentes) uma ‘marca’ (que não é explicitada), que acompanha o seu povo.
Essa dualidade inicial prevalece por toda a história humana.
Depois da morte de Abel, Adão e Eva estão tristes. Deus então lhes dá um novo filho: Set. Esta linhagem levanta altares e agradece a Deus, surge então o sacerdócio.
Ou seja, de um lado, os que trabalham na terra, alteram-na, aprofundam sua ação na terra, como Caim. De outro, o que vê a terra como algo a ser preservado, no estado do Éden Paradisíaco, com suas forças originárias, como Abel e Set.
Outros irmãos e outra tensão estão presentes em Isaías e Jacó, o filho primogênito.
Por meio desta dualidade não se resolve o problema. Na modernidade esta questão está presente e pode-se identificar a corrente ‘de Abel’ na intenção de curar, de metamorfosear a terra e a corrente ‘de Caim’, de preservá-la tal como é.
Voltando ao Antigo Testamento: Caim teve 3 filhos:
Jabal construtor de tendas, nômade, peregrino, pastor;
Jubal que é músico e está na esfera entre o mundo sensorial de Caim, da técnica, e o mundo não material, da inspiração artística. Representa uma tentativa de unificação dos dois extremos, uma ponte; e
Tubal Caim, ferreiro, tem o mesmo sentido de Caim, de transformar a matéria.
O trabalho com a Agricultura Biodinâmica (AB) também atua no sentido de resgatar a tradição antiga onde uma parte do alimento produzido era consumida, uma parte guardada para novo plantio e uma terceira parte, a melhor, oferecida aos Deuses, independente da cultura.
Hoje, somente a produção interessa. A ‘Monsanto’ produz para o agricultor a semente, o agrotóxico etc.
Necessidade de manifestar o elemento trinitário: consumo, reserva e oferta ao Divino.
Introdução de Steiner ao curso agrícola: questão terreno-cósmica; extrair do espírito forças hoje desconhecidas; agricultura melhorada e que a vida dos homens possa prosseguir na terra.
Renato alerta para o risco da AB servir ao sentimento de egoísmo de quem passa a ter alimentos ‘saudáveis’ enquanto outros não o tem.
É necessário preencher o espaço de separação entre ‘céu e terra’, construir a ponte entre o organismo físico da terra e as forças cósmicas.
O trabalho religioso cristão, ao longo dos séculos, representa a tentativa de união entre ‘Caim e Abel’, a conquista de um terceiro elemento, a união entre o ‘céu e a terra’, o ‘pão da vida’, a imagem que Jesus Cristo traz.
O trabalho agrícola começa a ter sentido quando encontra a relação com o ‘elemento do meio’: produzir alimentos, produzir boas sementes (a perpetuaçao e a parte entregue ao Divino (trabalho espiritual-religioso).

O que precisa ser alimentado e sanado hoje é a TERRA.


fonte: http://biodinamica.org.br/


Agnaldo Martins - Barista & Consultor Biodinâmico
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